Apareceu,
certa vez, no céu estrelado do saber português, um professor notável, de
economia, que creio continuar a ensinar, aconselhar, assessorar, guruizar
bancos e empresas, nacionais e estrangeiras.
Foi
um cometa fulgurante de passagem efémera, felizmente, pelo ministério da
Economia ou das Finanças, uma coisa dessas, antes de ser irresistivelmente
atraído pelos vastos espaços mais rendosos.
Não
me é possível precisar o nome, que eles são tantos, os que, depois de estágios
governamentais, passam às galáxias financeiras, que já lhes perdi o conto e o
nome.
Mas,
no breve tempo em que se avistou da terra, seguindo uma rota bem calculada,
desenvolveu, no reinado de Cavaco e em conluio com ele, o inteligentíssimo
plano de suprimir o chamado sector primário – agricultura, pescas e minas -,
para pôr toda a força do génio português na sofisticada produção de ponta e
descobertas científicas.
Esta
linha de pensamento teve ecos entusiasmados e muitos seguidores nas décadas
seguintes, vigorando, ainda, com o filósofo Sócrates, o de cá, não de lá.
Terminou
o arroubo com a escola dos eleatas passistas, que, esses, preferiram-lhe a
máxima lapidar de ler, escrever e contar de outro grande economista, o de Santa
Comba.
Com
toda a razão, digo eu, pois é quanto basta a quem a sorte negou um bafejo e está
condenado a ser esfolado uma vida inteira.
Pois
calhou, ao cometa errante, ser um dia entrevistado, numa altura em que
entrevistadores, comentadores e analistas eram poucos, mas sabiam o que diziam
e de que falavam.
E
não é que o sábio foi apanhado num erro monumental do orçamento, creio!
Nada
que lhe desmanchasse a compostura, pois, com todo o desplante e sem franzir a
pobre cara que Deus lhe deu, replicou que quatro milhões ou quatrocentos é tudo
igual ao litro.
Não
são estas as palavras exactas, mas a ideia aqui fica e os arquivos da TV
conservam, por certo, este momento grande da nossa história.
Quem
visse um pouquinho além, então, do dia, poderia ter previsto que teríamos, mais
tarde, uma onda avassaladora de grandes financistas e um progresso tão
meteórico na economia e adjacências que está conseguindo embasbacar o mundo e
arredores.
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