quinta-feira, 30 de janeiro de 2014


Apareceu, certa vez, no céu estrelado do saber português, um professor notável, de economia, que creio continuar a ensinar, aconselhar, assessorar, guruizar bancos e empresas, nacionais e estrangeiras.
Foi um cometa fulgurante de passagem efémera, felizmente, pelo ministério da Economia ou das Finanças, uma coisa dessas, antes de ser irresistivelmente atraído pelos vastos espaços mais rendosos.

Não me é possível precisar o nome, que eles são tantos, os que, depois de estágios governamentais, passam às galáxias financeiras, que já lhes perdi o conto e o nome.
Mas, no breve tempo em que se avistou da terra, seguindo uma rota bem calculada, desenvolveu, no reinado de Cavaco e em conluio com ele, o inteligentíssimo plano de suprimir o chamado sector primário – agricultura, pescas e minas -, para pôr toda a força do génio português na sofisticada produção de ponta e descobertas científicas.

Esta linha de pensamento teve ecos entusiasmados e muitos seguidores nas décadas seguintes, vigorando, ainda, com o filósofo Sócrates, o de cá, não de lá.
Terminou o arroubo com a escola dos eleatas passistas, que, esses, preferiram-lhe a máxima lapidar de ler, escrever e contar de outro grande economista, o de Santa Comba.

Com toda a razão, digo eu, pois é quanto basta a quem a sorte negou um bafejo e está condenado a ser esfolado uma vida inteira.
Pois calhou, ao cometa errante, ser um dia entrevistado, numa altura em que entrevistadores, comentadores e analistas eram poucos, mas sabiam o que diziam e de que falavam.

E não é que o sábio foi apanhado num erro monumental do orçamento, creio!
Nada que lhe desmanchasse a compostura, pois, com todo o desplante e sem franzir a pobre cara que Deus lhe deu, replicou que quatro milhões ou quatrocentos é tudo igual ao litro.

Não são estas as palavras exactas, mas a ideia aqui fica e os arquivos da TV conservam, por certo, este momento grande da nossa história.
Quem visse um pouquinho além, então, do dia, poderia ter previsto que teríamos, mais tarde, uma onda avassaladora de grandes financistas e um progresso tão meteórico na economia e adjacências que está conseguindo embasbacar o mundo e arredores.

 

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