Bom
seria que o parvo fosse menos parvo e soubesse retrair-se nas asneiras que diz
ou faz.
Para
mal dos nossos pecados, as coisas não são bem assim e, a expensas nossas, o
pobrezinho de espírito vai alternando ora no lugar de entrevistado ora no lugar
de entrevistador, numa autopromoção contínua que o nobilita aos olhos de um
povo idiotizado e a idiotizar.
Não
contente, porém, vai invadindo as casas editoras que o acolhem com agrado, por
garantir publicidade e venda.
E
a lepra está alastrando de tal modo que o exíguo espaço, pertença, por direito,
a Saramago, Lobo Antunes e alguns mais, está a estreitar-se assustadoramente de
dia para dia.
Mas
compreender-se-á melhor o êxito da criatura, quando se tem em conta que houve
ministra, dita socialista, exterminadora, simplesmente, da literatura, que
substituiu por uma apreciativa degustação de artiguelhos de jornais e revistas
cor-de-rosa.
Também,
como valioso contributo para o eterno descanso da alma do país, a mui sábia
senhora viu-se agraciada com um lugarzinho à sombra dos seus mentores,
lugarzinho de proventos e relações.
Perdoe-se,
porém, tão crasso disparate, porque a coitada é uma provinciana chapada e
jamais medirá o alcance do que, em certa altura, pôde impor a um professorado
moldável. Jamais lhe passará pelo bestunto, creio, que uma pedagogia adulterada
serve perfeitamente o projecto de um mercado mundial único, onde pulsões,
gostos, aspirações, necessidades, ideias sejam únicos, em gente docilmente
canina que, como os cães de Pavlov salivavam, gulosos, ao tilintar da campainha
do dono.
A
expressão chocalhada, frequentemente, de que não há alternativa é pequena
amostra do processo de ocupação, por inteiro, do cérebro humano, seja qual for
a raça ou latitude.
Valha-nos
a esperança de sobrevivência de uns pouquinhos que, depois da catástrofe
civilizacional, consigam penosamente construir uma sociedade nova, limpa,
saudável, onde se viva a alegria de ser homem e não bicho.
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