Dizia,
sabiamente, minha avozinha, que quem lhe havia comido a carne, lhe roesse os
ossos.
Assim,
em princípio, quantos emigraram para as colónias, em busca de uma vida, que o
país natal lhes negava, deveriam ter continuado por lá e viver a evolução da terra
que os acolhera.
Mas
muitos, tendo procurado a árvore das patacas e, não a encontrando, abanavam o
preto, para que largasse o que podia dar.
O
pior é que, a partir do fim da última guerra mundial, soprou um vento novo e o
preto cansou-se dos abanões, revoltou-se, levou tudo de roldão, na sua raiva de
quinhentos anos.
Entre
a gente branca, havia quem entendesse, mas, como lhe faltava, na testa,
qualquer sinal distintivo, viu-se obrigada a regressar às origens na mesma leva
dos outros.
Regressados,
embora acolhidos com favores que os de cá não tinham, não lhes foi possível
retomar a vida que lá viviam e cá não havia a fartura a que estavam habituados.
Daqui,
nasceu-lhes e cresce, ainda, no peito um tumor de ódio contra a revolução de
Abril, a quem eles, míopes, atribuem a culpa das suas vicissitudes.
Agora,
finalmente, empoleiraram-se no mando e estão a desforrar-se em quem está
inocente de qualquer dano.
Dir-me-ão
que alguns vieram pequeninos e, portanto...
Sim,
mas respiraram o ambiente familiar inquinado de um vírus desforrista.
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