Faz
pena ver os mesmos que, esquecidos do verdadeiro trabalho dos investigadores,
das muitas tentativas falhadas, dos desânimos sempre vencidos, gabam, apenas, o
avanço ou a descoberta, se acontece.
São
esses mesmos, por ignorância ou estupidez que baste e a muita muita prosápia de
pretenso entendedor que, deparando com um pobre tenteio, deixam cair as
queixadas, em êxtase contemplativo.
Não
me refiro, de certo, aos galeristas que, no seu papel de vendedores numa
sociedade de enganos, enaltecem quanto podem expor, como qualquer charlatão de
banha-de-cobra pouco escrupuloso no gato por lebre que dão a quem o escuta.
São
tais galeristas como milhentos economistas que por aí fervilham, de exíguas
letras e muito menos leituras, a largar bacoradas, suponho eu, movidos pelo
instinto canino de agradar ao dono.
É
que, céptico como sou, julgo o artista capaz, apenas uma vez ou outra, de se
exprimir cabalmente numa obra realizada.
Nem
é preciso mais, pois bastariam o Cus de
Judas do Lobo Antunes, a Passionata
de Beethoven, as Banhistas de Cézanne
ou o Beijo de Rodin, para que eu
ficasse agradecido e os respeitasse.
Pudesse
eu um pouco e teríamos, não bolas de oiro futebolísticas, mas mais um Nobel da
Literatura.
Sem comentários:
Enviar um comentário