domingo, 19 de janeiro de 2014


O ultra-romantismo, afinal, não era idiota como o pintam, ao pôr os mortos a erguerem-se das tumbas, à meia-noite exacta, para gemer mágoas ou chatear os vivos.

Marx, o barbudo, por exemplo, apesar dos enterros frequentes que lhe fazem, persiste em viver, com a agravante de não respeitar horários e surgir a todas as horas do dia.

Dizia ele e diz que sempre o ensino visou inculcar, em cabeças tenras, uma meia dúzia de saberes, com vista a servir e perpetuar um mundo onde poucos vivem à custa de muitíssimos (Ver sermão de Santo António aos peixes do Padre António Vieira).

Nunca, que eu saiba, foi intenção da escola formar cidadãos pensantes, críticos, autónomos, criativos e, hoje, em período de grande sinceridade, afirma-se à boca cheia, sem contraditório, que tem de responder apenas às necessidades das empresas.

Explica-se, pois, o meritório trabalho do Senhor Ministro Pedagogo (tudo com letra grande, note-se), entisicando a educação e negando-lhe o acesso aos cuidados de saúde, inspirado no seu colega boca torta.

E as razões são matemáticas:

1 - A evolução técnica dá poder a alguém, e seu computador, de produzir mais e melhor o que exigia, antes, centenas de pessoas.

O curioso é esta colossal produtividade não ser percebida e sumir-se misteriosamente em bolsos insaciáveis, acabando toda a gentinha por concordar que o crescente aumento da percentagem entre trabalhadores activos e pensionistas não permite a ideia parva de pagar reformas, mesmo que se tenha descontado uma vida inteira.

2 – Meninos e meninas, cujos pais disponham de abundantes meios, por inerência de casta endinheirada, esses terão, por si, universidades selectas, de luxo, aqui ou lá fora.

Depois, caso pretendam integrar-se na vida activa, espera-os, merecidamente, presidências, direcções, chefias, que quem tem um olho é rei em terra de cegos estupidificados.

Logo, como se vê, é tudo oiro sobre azul e o burro continuará burro, a zurrar, suportando dócil e convenientemente a albarda e aquele que o monta gozará, deliciado, de transporte quase gratuito, desfrutando, lá de cima, o panorama do país.

É ou não magnífico?

 

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