A nossa gente é, na verdade,
ordeira, cordata, sofredora, inexigente.
Ouvi eu, há dias, da boca de
quem muito sabe, especificamente como ganhar-se bem a vida, ouvi o
qualificativo perfeitamente adequado: civilizada.
Envergonha, pois, ver no
meio de manada tão pacífica, espíritos retorcidos, rancorosos que parecem
comprazer-se no mal e têm o desplante de afirmar que a actual percentagem do
desemprego se deve, não ao facto de uma economia pujante, mas ao cansaço dos
que procuraram em vão, à contratação de uns novatos, em substituição dos mais
velhos, por metade do salário, sem direitos e em situação precária e, mesmo, à
emigração.
Negam, também, o real
aumento das exportações, por ter havido quem passasse à porta da mercearia da esquina
e resolveu entrar, para enorme satisfação do comerciante, que, atordoado às
moscas, cabeceava de sono, na falta de clientes.
Nem entendem sequer que a
miséria presente abre portas a um futuro radioso e a dívida perpétua, sempre a
aumentar, é a garantia do céu que se nos oferece.
Graças a Deus, já vão sendo
muitos os cachorros de pitbull que, mostrando raça, ladram raivosamente e
morderão mais tarde, quando chegue a sua vez de defender a coutada dos donos.
E se puséssemos na prisão
todos esses negativistas, derrotistas, antipatriotas?
Ah! Estão a estudar o
assunto?!
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