Encontrei
em tempos, nas minhas deambulações pelas leituras, uma definição preciosa de
fascismo: exploração brutal de quem trabalha.
Concordei,
de imediato, e entendi o que outros parecem não entender: a repressão violenta
surge, apenas, quando o explorado se rebela.
Realmente,
para quê recorrer à brutalidade, se o explorado é resiliente, como hoje se
explica a nossa bovinice actual.
Parece-me,
pois, haver algumas semelhanças entre o que é e o que foi.
Ora,
corria então, nessa época que se diz passada, o seguinte:
Um
jornalista estrangeiro veio conhecer o país e, logo, estranhou o facto de não
encontrar ninguém.
Percorreu
todo o sul, subiu às Beiras e, ali, para os lados de Vale de Cambra, avistou um
velhote, que se babava, resmoneando qualquer coisa.
Como
era o único ser vivo que encontrava, aproximou-se, tentando decifrar o que o
ancião murmurava.
Com
grande esforço, percebeu e, siderado, perguntou-lhe quem era.
A
resposta foi “sou o dr. Salazar de Santa Comba”, continuando o resmoneio
anterior:
-
Matei-os a todos, mas salvei Portugal.
Onde
é que ouvi isto?
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