terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


Não, não é só Maria que beneficia de bafejos divinos.

 Também eu, no dia 1 de Janeiro de 1986, tive a revelação da verdade, quando se consagrou a nossa épica entrada na União Europeia.

 Finalmente, já sabia quem era, eu, que até então andara à deriva, por não ser coisa nenhuma.

 À data do memorável evento, milagre do nunca suficientemente louvado político, Soares, assim se chama, passei a ter um nobilíssimo estatuto: era europeu.

 Daí o meu repúdio, com toda a força do meu ser, pelas palavras de um tal Carvalhas, comunista, como não podia deixar de ser: - É estupidez juntar um pote de barro a um pote de ferro (1).

Discordei na altura e discordo agora, apesar da dívida impagável para que nos empurraram, apesar da canga que pretendem impor-me para todo o sempre.

Nada, mesmo nada, conseguirá beliscar este meu orgulho de ser europeu, pertencer à civilizada casta dos agiotas, predadores e imperialistas.

 
(1) Creio poder dispensar o desenho para que se compreenda a metáfora.

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