Não, não é só Maria
que beneficia de bafejos divinos.
Também eu, no dia 1
de Janeiro de 1986, tive a revelação da verdade, quando se consagrou a nossa
épica entrada na União Europeia.
Finalmente, já sabia
quem era, eu, que até então andara à deriva, por não ser coisa nenhuma.
À data do memorável
evento, milagre do nunca suficientemente louvado político, Soares, assim se
chama, passei a ter um nobilíssimo estatuto: era europeu.
Daí o meu repúdio,
com toda a força do meu ser, pelas palavras de um tal Carvalhas, comunista,
como não podia deixar de ser: - É estupidez juntar um pote de barro a um pote
de ferro (1).
Discordei na altura e
discordo agora, apesar da dívida impagável para que nos empurraram, apesar da
canga que pretendem impor-me para todo o sempre.
Nada, mesmo nada,
conseguirá beliscar este meu orgulho de ser europeu, pertencer à civilizada
casta dos agiotas, predadores e imperialistas.
(1) Creio poder
dispensar o desenho para que se compreenda a metáfora.
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