Neste
horizonte que é o nosso, onde, paradoxalmente, a miséria colectiva contrasta
com a miríade de génios que por cá pululam, sobressai um senhor comentador,
decano dos mesmos e grande académico.
É
um prazer ouvi-lo numa autopromoção subtil de seus dons, méritos, vida e
proezas, porque o faz de maneira inteligente.
Um
perfil, é bom de ver, que destoa brutalmente com a mediocridade que é norma em
governo e arco de governação.
Não
se estranhe, portanto, o seu afastamento dos protagonismos presidenciais pelo
governante-mor em exercício, na coutada sua.
E
o que acabo de afirmar justifica-se com a ponderação e respeito que ponho, se
porventura, caio em discordar de suas opiniões expendidas em estúdios de
televisão.
Desta
feita, porém, é incondicional a minha concordância, quando classifica de BOM os
feitos do senhor ministro da Saúde, ele, com a prática de muitos anos em
graduar cientificamente os pupilos que o escutam.
Nota
de bom na sua boca corresponderá, por certo, numa boca comum, a excelente,
fenomenal, estupendíssimo.
Porquê
a minha concordância?
Este
senhor ministro, muito argutamente, soube escolher a melhor posição para
caçador sabido, colocando-se exactamente onde a presa surgirá, acossada,
batida, sem forças para defender-se ou ocultar-se.
Em
suma, as melhores condições para o tiro de misericórdia.
Revelo-vos
o ponto preciso onde o caçador se posicionou: a porta dos hospitais.
Aí,
o caçado, cambaleante, esgotado, esbarra contra um muro de dificuldades de todo
o género e os batedores de serviço irão cercá-lo impiedosamente, para que o
senhor ministro acabe com ele.
Cito
o caso recente e mais conhecido em que um jovem teve de andar aos tombos,
através do país, por quatrocentos quilómetros, de coração exausto.
E,
contra todas as previsões, o pobre nem assim morreu, esperando-se que tal
aconteça quando confrontado com a conta que terá de pagar.
Forma
mais engenhosa de abater uma presa não me parece haver, até porque se poupa nas
munições.
Creio,
pois, que este nosso ministro retorcido, dito da Saúde, dever-se-ia chamar da
Doença ou, melhor dizendo, da Morte.
Como
sempre aprecio um pouco de inteligência real e não a presumida, sinto-me na
obrigação de reconhecer que há miolo, substância, muita lição a aprender, neste
grande cérebro ministerial.
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