quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014


POLÍTICA

Viveu milénios, numa indefinição irresolúvel
Uns realçaram-lhe as características histriónicas e integraram-na nas artes de representação.

Outros, sensíveis à palavra, inclinaram-se pela retórica.
Quiseram mais alguns enquadrá-la no âmbito das ciências especulativas e deram-na como afim da economia e das finanças.

Não faltou, mesmo, quem, preso na aspereza do horizonte, a estatuísse em arte e ciência da exploração e opressão.
Hoje, é unânime que se veja nela o mais profícuo ramo da cinegética

De facto, indivíduo investido na missão de a exercer, mal se encontra empossado, avança para o levantamento de paredões e muros, transformando o país, que lhe coube, numa coutada sua.
Por inerência do cargo, fica igualmente isento de prestar contas, podendo contratar quem bem quiser, vender ou comprar o que assim entender, tudo ao abrigo inquestionado de uma total impunidade, ad aeternum.

Se se desgostar do que faz, aguardam-no, à porta, as situações rendosas que antes preparou.
Dirá, então, civilizadamente:

- Pois meus amigos, ide a bardamerda!
Depois, quando o feitio lhe pede, assume, de imediato, os novos e confortáveis mandos que por ele esperaram.

Caso o seduza um beatífico e merecido repouso, há, pelo mundo fora, ilhas de sonho, livres da fiscalidade, preservando-lhe o montinho que previdentemente empilhou e pilhou.
Tanto mais que, nos muitos centros do saber, estão sábios trepidando, na ânsia de lhe ouvir a fórmula mágica de enriquecer honestamente.

Blair e González, para não ir mais perto, decidiram-se por um retiro doirado e, benditos sejam, Deus e eles, vão-se saindo muito melhor que antes, quando governavam um populacho volúvel, capaz de entregar o precioso voto a outros bem piores que eles.

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