segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014


Tem cara de lua cheia, cheíssima.
Com uma diferença: a lua, no plenilúnio, irradia claror, num fulgir de oiro vivo, a abarcar o universo.

Se brilho há no nosso herói, é o da enxúndia ressumante, nausea.
Reforçando esta repulsa, está a auto-satisfação bronca, de campónio esperto e videirinho, à espreita, com olhinhos em fisga.

Começou a arte de viver, ao balcão do pai, e um dia, indo à cidade, resolveu trocar os soquinhos por botas e acamar a grenha em gel.
Fez, depois, estudos. Sorte a dele, encontrou professores que acharam graça à teimosia do puto.

Engoliu saberes, não digeriu e, graças à memória prodigiosa, citava de cor o que nunca entenderia.
Sendo o que é o nosso ensino, a formidável qualidade granjeou-lhe notas de louvar, acabando formado, assistente, professor.

Uma coisa, porém, continuaria a recusar: o ser humano, minúsculo, desestabilizando a Terra, destruindo o planeta.
Sentiu ser seu dever acumular argumentos inapeláveis, contra o imenso disparate.

Como um tolo é sempre ouvido, ei-lo em prelecções televisivas, logo a seguir aos sábios comentários futebolísticos.
Em tão boa hora, que transnacionais interessadas em quem lhes defenda malfeitorias e predações custearam viagens, organizaram simpósios, projectaram-no em revistas científicas.

Algum tempo depois, era o idiota referência, luminária.
Seduziu-o, então, a política da paróquia e, precisando de cartão de um partido, espreitou, inquiriu.

Não lhe faltaram escolhas por já ter a atenção atenta do arco da governação.
Hesitou, decidiu-se pelo Partido Socialista.

E chegou a ministro, sim, senhor!
Duvidam?

Não duvidem, que eu conheço muitos outros casos em gordo, magro e assim-assim.

Sem comentários:

Enviar um comentário