Vem
na Bíblia: bem-aventurados os pobres de espírito, que deles será o reino dos
Céus.
Eu,
ferveroso criacionista à moda americana, sigo inteiramente à risca a palavra
revelada, por aspirar, ainda, a um lugarzinho lá em cima.
Julgo,
pois, que me compreenderão, quando afirmo a minha tolerância ao ouvir uns
nobrezitos das berças ou ex-negreiros desforristas:
-
Reproduzem-se como coelhos.
Assim
se referem, com frequência, aos mais desgraçados, eles que dispõem de
magníficas casas, quartos separados, bom aquecimento e amantes prestáveis e
agradecidas.
Mas
que irrita, irrita!
Deu-se
o caso até, de, há dias, ter escutado, siderado, um gaguinho com ar de
sacristão:
-
A grande maioria dos pensionistas não sofrerá nenhum corte.
Afirmação
expandida com ligeireza idêntica quando diz, macarronicamente, nos seus
acolitismos:
-
Et spiritu tuum!
Julgar-se-á,
a criatura, generosa, por permitir ao rafeiro usufruir do osso esburgado que
lhe atirou?
Tinha
imenssíssima razão Einstein, que punha em dúvida a infinitude do universo, mas
jamais o faria quanto à estupidez humana.
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