segunda-feira, 31 de março de 2014


Em miúdo contaram-me histórias que viria, mais tarde, a ler nos livros da escola, com grande gosto meu, por serem amigas minhas desde há muito.
Todas portadoras de uma lição de moral, quando tal coisa existia, ajudavam-nos a crescer e a formular princípios.

A literatura, sem ressalva, tem sempre em vista o contrabando de ideias, que nos formatam e definem.
Mas, crescido, deixei de apreciar a abordagem indirecta, que, com mentirolas patetas ou inoculações peçonhentas, procura manipular-me, condicionar-me, sobretudo agora, numa fase da história em agonia, que usa a falsidade para adiar o fim.

É neste contexto que mais avulta “Os Cus de Judas”, obra amassada em dor e sofrimento, tão singular que não lhe encontro par, procure cá dentro ou, mesmo, lá fora.
Pena é que o autor não encontre uma causa que o exija por inteiro, entregando-se, muitas vezes, a um cepticismo deprimente, parecido a pose, ultrapassadíssima, de boémio romântico.

É, talvez, o preço, da sua origem social.

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