Em miúdo contaram-me
histórias que viria, mais tarde, a ler nos livros da escola, com grande gosto
meu, por serem amigas minhas desde há muito.
Todas portadoras de uma
lição de moral, quando tal coisa existia, ajudavam-nos a crescer e a formular princípios.
A literatura, sem ressalva,
tem sempre em vista o contrabando de ideias, que nos formatam e definem.
Mas, crescido, deixei de
apreciar a abordagem indirecta, que, com mentirolas patetas ou inoculações
peçonhentas, procura manipular-me, condicionar-me, sobretudo agora, numa fase
da história em agonia, que usa a falsidade para adiar o fim.
É neste contexto que mais
avulta “Os Cus de Judas”, obra amassada em dor e sofrimento, tão singular que não
lhe encontro par, procure cá dentro ou, mesmo, lá fora.
Pena é que o autor não encontre
uma causa que o exija por inteiro, entregando-se, muitas vezes, a um cepticismo
deprimente, parecido a pose, ultrapassadíssima, de boémio romântico.
É, talvez, o preço, da sua
origem social.
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