quinta-feira, 24 de abril de 2014


Vai-se-me tornando difícil entender o momento em que vivo e ainda acabarei por dizer que uma morte precoce é favor dos céus complacentes.
Ontem, assistindo, incauto, ao pequeno debate entre dois jovens de quadrantes diferentes, um, rapaz de muitíssimo mérito, graças ao papá e ao partido do mesmo, rosnou:

- Isso é ideológico.
O que era, num arroto raivoso, argumento arrasador com que esperava derrubar aquele ou qualquer outro que ousasse fazer-lhe frente.

Em cabeça de burro, por certo, já de si franzida e purulenta, ter ideias é defeito imperdoável e virtude será defender o que mais convém, pois moral e verdade pouco importam.
Se a tolice me choca, é por se ter tornado recorrente e ouvi-la a muitas outras luminárias da política, representantes do povo que os elegeu.

Porventura, assistir-lhes-á alguma razão, dadas as escolhas que vêm sendo feitas, desde que repusemos os certames eleitorais, onde damas e cavalheiros carismáticos, de apurada lábia, se esmeram por enrolar uma gente disposta a acreditar em tudo o que lhes lisonjia o ego.
Lábia treinada e sublimada, nos vários cursos de direito torto, cuja deontologia professa que tudo é bom quando está em jogo a defesa dos interesses de um cliente.

Bom advogado é sempre o mais sabido, o mais rábula, com boas relações no foro e fora dele.
O tal jovem, que daí provém, esta ideia entendeu, sabendo, de fonte certa, que esta é uma ideia inideológica.

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