segunda-feira, 12 de maio de 2014


Os pais são os mesmos de sempre, uma geração invertebrada, que sofreu, por meio século, a abjecção de suportar o mando de pacóvio das berças, grotesco na pequenez das ideias, aberração numa Europa, onde o próprio mal tinha dimensões de ferocidade, enquanto que, aqui, um agente fardado, por si só, chegava, para um país encolhido no terror do desagrado.
Herdaram os filhos a cobardia dos seus, que disfarçam em usufruição da vida, em bebedeiras de álcool e droga e sexo.

Incompatibilizados com as ideias, esvaziaram-se totalmente, que os pais mantinham ainda sensibilidade chorona, aflorando com tinto, em lamechices de fado, mas os filhos, confortados na animalidade, dão-se por satisfeitos com guinchos ou epilepsias que consideram musicais.
Linha de continuidade, ainda, na solução que se afigura única, quando a desgraça já é de mais: nem exigência, nem revolta e a pé, a nado ou de avião, vão-se pelo mundo fora, buscando a esmola de uma exploração estrangeira.

Exclua-se dignidade dos dicionários portugueses e escreva-se, a negrito, esforço de bicho para se aguentar à tona.

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