quarta-feira, 16 de julho de 2014


Ainda que em fase de carreio para a banca, a televisão mantém a qualidade que tinha e o leque alargado de mil opções possíveis.
Obrigue-a a moda a obrigar a baixar a bainha e garanto-lhe, senhora, que se sentirá enlevada com telenovelas para todo o gosto e a voz, no fim, insinuosa e líquida, do regente de emoção, oculto, que, em linguagem chã, vem veludamente esporear-lhe o interesse.

- Cairá a Joana na esparrela do Luís?
Ou:

- Descobrirá a Vanessa o segredo da mãe?
Seja o afazer de momento rechinar um refogado, dificultando a audição, fazendo-a amaldiçoar o trabalho, que um Quim ou um Con, ambos lhe darão interpretações subidas das pérolas musicais de “Aperta com ela” ou “Cheira a Bacalhau”.

Se é macho e só contrafeitamente se abana, creia que não será esquecido, tendo por si  três e quatro canais de futebol ao vivo, mais comentários, antes, durante e depois, que analisam, dissecam, esmiuçam, microscopiam.
Em baixa ou desempregado, há anjos a velar por si, gordos ou gordas, que o sexo não se discute, na informação de preços e intrigas, arredando-o, bondosamente, da chatice da triste vida.

Para outro nível de exigência, gente propensa à falação e às letras, há mesas redondas, quadradas, hexagonais, com seres de facúndia, erudição, agudeza, direitinhos no porte, educadinhos à farta, seleccionados a preceito.
Digam-me, então, se será crível que um idiota qualquer escolha este momento de transe para desatar em lamúrias só porque a escola fechou?

Com tantos anos de ensinamento democrático, não percebeu, ainda, que o filho, madrugando e tresnoitando, está beneficiando de uma formação sem par, que lhe dará asas e força para, mais tarde, emigrar?
Quanto a queixar-se dos hospitais que fecham, não é por razões de sociabilidade ou estudo, mas porque, vencidos os anos de espera, espera-o a optimização de recursos e atendimento de dez estrelas.

Tudo o que se pede é que não nos traia a governança esforçada e benfazeja, decidindo morrer quando menos se esperava.
Aprenda, por favor, com o professor da Judite, grande tricotador de elogios à revolução na Saúde do nosso cobrador de impostos, ex-segurador do Espírito Santo, hoje na falência, infelizmente, o banco, não ele, que energia e cabeça são coisas que lhe sobram.

Dir-lhe-ei mesmo mais: tudo a quanto assiste e não entende é portão de entrada de um futuro risonho, com salários subindo, os impostos a descer, fundos comunitários a rodos e cavalinhos a correr, o paraíso na terra que o do céu há-de fechar, pois ninguém vai querer morrer.

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