Numa
das minhas deambulações por África, encontrei certa vez, um sujeitinho mestiço que falava dos seus como se fossem
cães.
Já
antes, pelas partes de Lisboa, foi-me dado conhecer um colonialista castiço,
bem visivelmente mulato, muito castiço no trajo que impunha capacete e tudo,
gabando-se de escavacar queixadas, se os pretos tardassem a cumprir-lhe as ordens.
Julguei
que tentavam, por fingimento ou raiva, ser mais brancos que brancos, os seus superiores.
Também
vira escrito que os catalães ferrenhos descendem da emigração que a fome
trouxera da Andaluzia inóspita.
E a
praga da gente que não se crê nem carne nem peixe, surge agora com força, numa
mestiçagem económica, da meia-tijela, que não tem, mas quer ter, que não é, mas
será, disposta a vender-se em colaboracionismos, traições, se a via lhes
oferece proventos e benesses na corte patronal.
É
que custe o que custar, eles hão-de lá chegar, venda-se o pai, a mãe, o país,
se necessidade requer.
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