Depois de 40 anos de involução, numa recuperação continuada
do que tinham perdido, vêm os cérebros do país, ao serviço do capital, aliciar
para debate uns pobres que se dão por honestos, nos quadros da boa moral
burguesa que nos dá, em prémio, o roubo como democracia.
Pois o princípio sagrado, que ninguém porá em causa, é o
direito aceite em poder sangrar alguém, escudando-nos em qualquer coisa,
herdada ou adquirida.
Torna-se, assim, permissível que haja uma miséria crescente,
crianças a morrer de fome, áfricas vegetando em desgraça e metralhamento, por
fim, de quantos pretendam rebelar-se.
Necessário somente, neste planeta de poucos, é perpetuar a
extorsão e riqueza a carrear para a casa do explorador.
Sob uma dívida impagável e juros sempre crescentes, há que
pedir misericórdia, mendigar por compaixão, de joelhos, que a humildade é
virtude e as mãos postas em prece.
Deus há-de sensibilizar a banca, a banca que, na verdade manda,
e não os agentes locais que, esses, quando não servem, são lixo, ainda que pertencendo
à Trindade, Padre, Filho e Espírito Santo.
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