domingo, 2 de novembro de 2014


A farsa já vai em décadas, mas entre os pobrezinhos de espírito, ganha dimensões de novidade.
Há o actor principal de grenha a cair-lhe para a testa, em sóbria sugestão de um tempo em que se obedecia ou morria.
Cercam-no uns comparsas engodados por trinta moedas da traição de Judas, na reconstituição de cena bíblica, onde todo o povo acabará na cruz.
Entretanto, afadigam-se, sempre de mala aviada, na busca de clientela para quando se abrir o bordel, prostituindo, prostituindo-se.
São diferentes nas lapelas engalanadas de insígnias, numa sedução do mundo, a clamar, para quem ouve, ser agora ou nunca:
Que é fartar, vilanagem!
E a estratégia é tão certa que se vêem fregueses dos sítios menos esperados, porque, segundo parece, quando de saldos se trata, até os paralíticos são ágeis.
Agora, dispensada a orquestra, que a arte é onerosa e não rende, a banda militar ensaia a dança que Saint-Saëns compôs, um hino à soberania lusa.

Sem comentários:

Enviar um comentário