Não é descabido o alarido dos últimos tempos, à volta da
prisão de um dos muitos filósofos que este país oferece ao mundo da estupidez.
É bom que assim seja porque a pateguice exige escândalo,
má-língua, purulência de azedume, vinganças de antigos compadres, que a este
nível chegámos e neste nível estaremos com os programas televisivos de crimes,
pornografias ou preços certos.
Não que não se deva condenar a teatrada da espera e
detenção, com os desgraçados da imprensa a refocilar a gosto no que nos terão
de dar em pasto.
Mas argumentar com vários, entre os quais os Soares, pai e
filho, que isto não se faz a quem foi primeiro ministro, raia o desaforo do
imoral.
Se alegassem que ninguém deva ser achincalhado antes ou
depois de condenado, chame-se Zé ou Manel do Adro, aceitava-se.
Agora, deixar entender que há uma nobreza de classe que se
impõe respeitar, é simplesmente idiota.
Tão idiota ou mais, como reizinhos de opereta em terras de
democracia, assim se diz.
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