O ver-se-te-avias, num
pressentimento do fim, começa a aviar-se tão depressa que a escandaleira é
diária, com muitos dos que se supunham mais sérios a igualar, em corrupção, os
que sabíamos corruptos.
Embora a revelação pouco
sirva, que a baixeza moral e a indignidade em que estamos tudo admitem com
bonomia, dando por normal mentira, deboche, lacaísmo, traição.
Basta um ritual de quatro em
quatro anos, em eleição de quermesse, donde sairão vencedores os que melhor se
portarem no fingimento de salvadores da pátria, quando pretendem chegar-se ao
erário e ganhar-se um futuro.
Mas, consumado o logro, a repetir-se
de há quarenta anos para cá, temos, observando a lei, de aguardar que se cevem,
para reincidir na asneira, com campo livre à pilhagem e sordidez de
espectáculo.
Porque a política é isto,
dizem comentadores encartados, contentes da abundância de estrume, já que dele
é que vem a facilidade da prosa e o ganho, sem que se sujem camisas.
Mas críticos são, caramba! Não
se lhes peça complacência.
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