Exultei, sinceramente
exultei.
O desgraçado, inseguro nas
pernas, procurava as cordas, na esperança de ouvir o gongue salvífico.
Mas nada parava a saraivada
de murros, por baixo, por cima, catastroficamente, que o meu mais que adorado
ídolo desferia, impiedoso, apocalíptico.
Era orgástico vê-lo enorme,
épico, numa fúria assassina de bull-dog cervejeiro, impor-se, ali, no ringue
parlamentar.
Metralhou, então: as
exportações subiram, subirão, imparáveis, em pujança pletórica de Amorins,
Santos e Azevedos.
É minha esperança que, a
partir de agora, o pobre diabo, vencido, humilhado, aprenda a orgulhar-se dos
lucros da banca e seus e nossos donos.
Vamos aguardar que aprenda
ser a falta de emprego, a miséria geral, a emigração espavorida, a morte por
abandono, e demais pieguices, pressupostos incontornáveis à criação de
progresso sustentado, de acumulação sem fim de lucros a resguardar, bem
entendido, na genial e bem conseguida invenção financeira – os paraísos
fiscais.
Estou, mesmo, em prever que,
num futuro opulento, muito próximo, iremos impar de brio lusitano, revelando ao
mundo, não somente nomes futebolísticos, mas o número e valor de milionários
que prosperam aqui como em parte nenhuma.
Alentam-me o sonho e a fé as
recentes informações de que continuam crescendo em lucros, quantidade e poder.
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