domingo, 6 de abril de 2014


Democracia não é tachismo nem forma rápida de fazer fortuna.
Democracia não é mentira nem forma arteira de burlar quem vota.

Democracia não é corrupção nem forma fácil de se prostituir a quem paga.
Sendo-se, todavia, desonesto, por herança, vocação ou aprendizado, há que aproveitar os tempos de hoje, que a maré está de feição.

O receituário é clássico, desde que o capital inventou as eleições:
1 - Confraterniza-se, democraticamente, com bêbados, delinquentes, tarados ou loucos, porque são eles que nos dão os votos.

Por um voto se ganha, por um voto se perde (Seguro).
2 - Gabam-se recalcamentos, traições, que a cobardia é virtude.

Somos um povo inteligente, civilizado, com uma história de invejar (R. Sousa).
3 - Prometem-se mundos, mas, sobretudo, fundos, acirrando gulas, ganâncias, frustrações caladas.

Estamos numa viragem económica, a recessão chegou ao fim (P. Lima).
4 -  Amande-se, pomposo, em retorcimentos equívocos, que a patacoada untuosa entra bem na multidão.

As exportações são o porta-aviões (não os submarinos) da economia (Portas).
5 – Grite-se bem alto, com razão ou sem ela, faça do escarcéu mordaça para quem levantar questões.

Direita assumida ou que para lá caminha, explicadamente (T. Caeiro).
Eleito e empossado, dê a cambalhota habitual, já que está legitimado em quatro anos de desaforo.

E convença-se, se não está, que o compadre do lado é comparsa, não é rival e o bipartidarismo alternante não o deixará na rua e, muito menos, esmolando.
O “bom povo” assim garante.

Esqueça decisões irrevogáveis ou diferenças insanáveis que as diferenças são nenhumas e o que importa é continuar a paródia.
Faça por refrear os cachorros, pois, atrás de tempos, tempos vêm e a vez deles vai chegar.

Se guindado ou guindados, disparam num revanchismo negreiro, procure-se alguém cordato, que nos mantenha abúlicos, na letargia de há anos.
Nada de exumações de um Salazar antigo, que, a cair da tripeça, dizia, ainda, na anedota a seu respeito:

- Matei-os a todos, mas salvei Portugal.

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