Democracia não é tachismo
nem forma rápida de fazer fortuna.
Democracia não é mentira nem
forma arteira de burlar quem vota.
Democracia não é corrupção
nem forma fácil de se prostituir a quem paga.
Sendo-se, todavia,
desonesto, por herança, vocação ou aprendizado, há que aproveitar os tempos de
hoje, que a maré está de feição.
O receituário é clássico,
desde que o capital inventou as eleições:
1 - Confraterniza-se,
democraticamente, com bêbados, delinquentes, tarados ou loucos, porque são eles
que nos dão os votos.
Por um voto se ganha, por um
voto se perde (Seguro).
2 - Gabam-se recalcamentos,
traições, que a cobardia é virtude.
Somos um povo inteligente,
civilizado, com uma história de invejar (R. Sousa).
3 - Prometem-se mundos, mas,
sobretudo, fundos, acirrando gulas, ganâncias, frustrações caladas.
Estamos numa viragem
económica, a recessão chegou ao fim (P. Lima).
4 - Amande-se, pomposo, em retorcimentos
equívocos, que a patacoada untuosa entra bem na multidão.
As exportações são o
porta-aviões (não os submarinos) da economia (Portas).
5 – Grite-se bem alto, com
razão ou sem ela, faça do escarcéu mordaça para quem levantar questões.
Direita assumida ou que para
lá caminha, explicadamente (T. Caeiro).
Eleito e empossado, dê a
cambalhota habitual, já que está legitimado em quatro anos de desaforo.
E convença-se, se não está,
que o compadre do lado é comparsa, não é rival e o bipartidarismo alternante
não o deixará na rua e, muito menos, esmolando.
O “bom povo” assim garante.
Esqueça decisões irrevogáveis
ou diferenças insanáveis que as diferenças são nenhumas e o que importa é
continuar a paródia.
Faça por refrear os
cachorros, pois, atrás de tempos, tempos vêm e a vez deles vai chegar.
Se guindado ou guindados,
disparam num revanchismo negreiro, procure-se alguém cordato, que nos mantenha
abúlicos, na letargia de há anos.
Nada de exumações de um Salazar
antigo, que, a cair da tripeça, dizia, ainda, na anedota a seu respeito:
- Matei-os a todos, mas
salvei Portugal.
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