segunda-feira, 21 de abril de 2014


Já lá vão alguns anos quando o socialista Soares se meteu ao bom caminho de desmantelar a siderurgia nacional e a indústria da outra banda.
Fiz questão, na altura, em estar presente numa concentração de revolta contra o atentado económico, eu, que, directamente, nada tinha a ver com o sector, em solidariedade e apoio aos que iam e estavam a ficar no desemprego.

Estranhando, nesse dia, a minguada concorrência, foi-me dito por alguém, da zona e do ofício, que se contariam pelos dedos as vítimas da decisão, já que preferiam esconder-se, com a vergonha que sentiam.
Cínico que sou agora, inclino-me a supor uma verdadeira razão que me espanta e espantará.

O mais desgraçado ser, pelintra e espezinhado, não tem a coragem de assumir uma atitude de dignidade e prefere não dar nas vistas, identificando-se, por vezes, com aquele que o espolia.
Como perceber de outro modo que, após os quarenta anos de desgovernação e traição, PS e PSD continuem a ser os partidos mais votados?

Dêem-me uma explicação plausível para as magras manifestações, num país onde se sabe, pelos números oficiais e, portanto, mentirosos, que desempregados e precários são mais de metade da população activa, 45,9% estava em situação de subemprego no ano de 2013, que 37,7% são jovens numa procura em vão, que a emigração em 2012 se cifrou em 120.000, que o salário mínimo (400.000 trabalhadores em 2012) era, como ainda é, de 485,00, a sujeitar aos descontos, sendo em Espanha 645,00, na Grécia 586,00 e em França 1.226,00, que dos reformados da Segurança Social 1 milhão e 200.000 recebem entre 256,75 e 419,21, situando-se abaixo do limiar de pobreza, etc, etc.
Não deve ser um acaso que abundam e prosperam tantas revistas cor-de-rosa, pródigas em insuflar no mentecapto um cheirinho a intimidade com figuras aureoladas de parasitas tutti fruti.

Só assim se entende que um basbaque idiota queira ir fazer de público e aplaudir uma estrela, um chefe, um prícipe, um “carismático” qualquer que se passeia em certos meios.
Por isso, dizem, os senhores intelectuais não se metem nessas coisas, gozando do alto a agitação do pé-descalço e o dinheirinho que, de uma forma ou de outra, lhe vem parar às mãos.

É a fragilidade humana, mental, com farroncas ou não, que leva o explorado de sempre a não hesitar em reduzir a comida ou a prostituir-se por um bilhete de futebol ou entrada num espectáculo do epiléptico guinchante.
Junto aos outros, ele deixou de ser nada e tem a ilusão da força ao mugir em manada.

 

 

 

 

 

 

 

 

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