Vem de longe a minha
embirração com o número três, porque, educado nos sagrados princípios da
religião católica, sempre me pareceu heresia dizer-se ser três a conta que Deus
fez, quando está mais que provado que o mundo foi criado em seis dias, descansando
o Criador no sétimo.
E, agora, quase a render a
alma, o diabo tudo faz para que eu caia na tentação da ira.
Vem, primeiro, a Troika e
desgraça-me a vida e o país.
Enredado no pânico e na
estupidez, o bom povo civilizado (Rebelo dixit) vem votando há três anos na
morte do presente e do futuro.
Há três dias exactos, foi
uma proposta de lei a pretender refrear a promiscuidade devassa que nos coloca
no mundo, em posição cimeira, no que concerne à corrupção.
Logo os três da vida airada,
Cocó, Ranheta e Facada se uniram em força no repúdio a medida tão populista.
Ele foi a inoportunidade
(PSD), ele foi a liberdade (CDS), ele foi a funcionarização (PS), tudo serviu
aos três da governação para que a farra se mantenha por muitos e lucrativos
anos.
Que, na arenga de um erudito
presidente, se deverão estender não por mais três, mas talvez por trinta e
três.
Salve-nos, ao menos, a
cacafonia, neste uníssono, dos partidos de esquerda que apresentaram o
projecto, PCP e BE.
Eu disse partidos de
esquerda e não PS.
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