Numa vasta mesa de
comentadores, onde a veemência das afirmações parece compensação para a
pequenez das opiniões, todos constataram que o capital investido, em países
emergentes, está a regressar a casa, sem que se saiba porquê e, muito menos
ainda, sem relacionar o facto com o que se chama crise.
O alinhamento da Europa com nações
do terceiro mundo não é visto como obrigatório no processo de globalização.
Que os salários se pratiquem
abaixo do inimaginável, que se eliminem direitos e abdiquemos da dignidade, que
o Estado se conforme com a míngua, proibido de poder decidir e os governos,
doravante, sejam executivos da finança, nada lhes afectará a apreciação.
A economia, enfim, não é uma
ciência humana, antes meteorologia do já visto: chove porque está chovendo, há
sol porque o sol está lá.
A poupança em estruturas,
seguros, combustível, taxas e alcavalas alfandegárias, o encurtamento de
distâncias e proximidade das decisões, sedes fiscais em paraísos, feitos à
medida e ao virar da esquina, são factores desconhecidos e, por certo,
inexistentes.
Saber é acreditar na
produção a crescer, desemprego estabilizado, juros a níveis históricos, sem dar
pela readmissão dos despedidos, a troco de meio salário e precariedade
contratual, pois despedimento é arbítrio do senhor, nem emigração da juventude,
um investimento sem retorno, que exaurirá o país.
Apraz-lhes, sim, que o
afundamento parou, pois já nos encontramos no fundo, que a economia reanima ao
serviço dos que lá fora buscam lucro que não podemos dar.
Mas, se o drama é democracia,
com rituais estabelecidos e irresponsabilidade ilimitada, o errado é certo e
afirmar o contrário antipatriotismo derrotista.
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