Andei por vários sítios e
não me lembro ter visto uma coisa tão reles, tão desgraçada, tão vergonhosa.
Uma vez por outra, há
referência a crimes, mas de modo tão rápido e contrafeito, que tem-se a
impressão do apresentador de serviço fazer o que lhe impõem, de dedos no nariz.
Entre nós, nada disso.
O comprazimento é enorme,
todas as circunstâncias sórdidas esmiuçadas, as entranhas da vítima expostas à
claridade do sol.
Busca-se na vizinhança quem
espreitou pela fechadura e as comadres de aldeia gozam momentos de celebridade.
Com o futebol, o mesmo.
Escolhem-se pela cara os que
dão garantias de mais boçalidade e o comentário alonga-se por passes, fora-de-jogo,
arbitragens e lesões, com nomes, próprios e atribuídos, na ponta da língua, de
jogadores, treinadores, massagistas, técnicos, merecendo o relvado algumas
considerações.
É certo que noticiários de
uma hora ou hora e tal não são possíveis porque o dinheiro faz falta; entre
nós, porém, corta-se na educação e injecta-se na deseducação.
Dantes, irritava-me ouvir
chamar ao país laboratório de testes, visto as experiências serem conhecidas há
muito. Hoje reconheço uma certa verdade, julgando que se experimenta aqui até
onde a degradação pode ir.
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