quinta-feira, 26 de junho de 2014


Andei por vários sítios e não me lembro ter visto uma coisa tão reles, tão desgraçada, tão vergonhosa.
Uma vez por outra, há referência a crimes, mas de modo tão rápido e contrafeito, que tem-se a impressão do apresentador de serviço fazer o que lhe impõem, de dedos no nariz.

Entre nós, nada disso.
O comprazimento é enorme, todas as circunstâncias sórdidas esmiuçadas, as entranhas da vítima expostas à claridade do sol.

Busca-se na vizinhança quem espreitou pela fechadura e as comadres de aldeia gozam momentos de celebridade.
Com o futebol, o mesmo.

Escolhem-se pela cara os que dão garantias de mais boçalidade e o comentário alonga-se por passes, fora-de-jogo, arbitragens e lesões, com nomes, próprios e atribuídos, na ponta da língua, de jogadores, treinadores, massagistas, técnicos, merecendo o relvado algumas considerações.
É certo que noticiários de uma hora ou hora e tal não são possíveis porque o dinheiro faz falta; entre nós, porém, corta-se na educação e injecta-se na deseducação.

Dantes, irritava-me ouvir chamar ao país laboratório de testes, visto as experiências serem conhecidas há muito. Hoje reconheço uma certa verdade, julgando que se experimenta aqui até onde a degradação pode ir.

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