Cedo o espertalhão de ofício
haverá descoberto que trabalhar é custoso e dá, de facto, trabalho.
E, se a metodologia não
muda, como creio, ou semelha a utilizada hoje, ao apanhar alguém
dessedentando-se na fonte, saltava-lhe ao caminho e exigia paga.
Os tempos complexaram-se, as
instituições também, e temos hoje que pagar por viver ou morrer, por andar ou
estar parado, por ter cão ou por não ter.
Furta-se à voracidade do
chulo o ar que respiramos, o viciado, que o puro já está privatizado.
Privilégio que não se
manterá por anos, pois há ciência brevetada que descobrirá um aerímetro, a
galopar como o que temos para a água ou eléctrico, quando insistirmos em
respirar, com factura acrescida de taxa de sustentabilidade, e outra de
solidariedade, e outra de necessidade, e outra de desnecessidade, já que não é
justo retermos oxigénio e expelirmos anidrido, segundo o saber escolar, pois,
pessoalmente, nunca o vi.
Será sempre possível, por
direito inaleanável, recorrer a tribunais, recrutando advogados, peritos
contabilistas, um economista doutor e fotógrafo licenciado, este para
demonstrar com retrato anexo que, entre os minutos 4 e 6, fiquei de respiração
suspensa, ao receber o salário do mês que já se foi.
A mando de uma Europa
democrática e cada vez mais próspera tinham-me abocanhado mais 30% e subsídio
de Natal.
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