Neste fabuloso país, que é
mais um país de fábula, são mais os animais a mandar e os poucos homens que há
só têm portões fechados, pois o ódio e a cobardia recusam qualquer palavra que
não seja a do seu dono.
Os jovens que ainda restam,
em vez de exigir futuro, metem os pés a caminho e vão demandar lá fora aqueles
que se lhes anticiparam nas rotas da emigração.
Fica quem não pode andar, de
velhice ou por doença, e, à falta de sangue fresco, o vampirismo local suga o
que antes rejeitava.
E num inauditismo da
história, por não haver quem o faça, hão-de trabalhar estropiados, a troco de
um naco de pão, se querem não morrer de fome.
Já vejo mesmo por perto um
arremedo de Goebbels, mais físico e não mental, porque o alemão era mau, mas
esperto, e o nosso é igualmente mau, mas burro.
É de prever, até, que, em
aeroportos, fronteiras e nos cais das estações, se esqueçam as frases banais de
boas-vindas a quem chega, sendo os viajeiros acolhidos à boa maneira nazi, com
um “Arbeit macht frei”.
A formigação hollywoodesca
dos esfarrapados das pirâmides, nos filmes de B. De Mile, será uma realidade
aqui, por faltar-nos a dignidade de dizer não à escravidão
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