terça-feira, 17 de junho de 2014


Para satisfação dos meus apetites, não há como acirrar o apetite dos outros.
Aconteceu aos chamados países de leste que, na pressa de enriquecer depressa, atiraram fora a água do banho, com a criança e tudo, e está acontecendo agora, connosco, pobres diabos, que ansiosos por pertencer ao clube dos ricos, ao pelotão da frente, vamos recuando para níveis inferiores aos do século XIX.

Era preciso abater barcos, abrir a costa à pilhagem estrangeira?
Porque não? O mar é tão grande!

Impunham que arrancássemos cepas, oliveiras, sobreiros, pomares e plantássemos eucaliptos?
Para já!

Esperava-nos um mercado de centenas de milhões, com povos suplicando os produtos portugueses?
Que negócio!

Adiantavam-nos dinheiro para construção de estradas, ficando mais fácil viajar de Madrid do que chegar a Beja ou Viseu?
Estávamos a europeizar-nos, estúpido!

Campionatos de futebol, seniores ou infantis, exposições universais, capitais da cultura, regatas mundiais e do que mais nos lembrarmos entre duas garfadas?
Era prestígio, civilização, Sampaio o disse.

E o dinheiro sumiu-se, quedaram-se as dívidas, a sujeição a tratados, prisão a compromissos, o atraso estatuído, a escravização para sempre, se, de abúlicos, submissos, agradecidos e endividados, não exigirmos respeito, cidadania, direitos.
Não com estes que farejam boas postas na Europa do retrocesso, nem com valentões de farda que lobrigam soberania em terras do Afeganistão e inimigos traiçoeiros na Patagónia de Cima, sossegando a consciência, se é que têm alguma, e justificando a despesa, que é muita.

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